O mundo é um palco, e as pessoas são seus atores. Tragédias e comédias acontecem todos os dias nos mercados financeiros, mas o que ocorreu no início da segunda semana de abril foi hipnotizante. Em questão de minutos, a capitalização do mercado de ações dos EUA disparou em US$ 2,4 trilhões, impulsionada por uma mensagem falsa nas redes sociais. A negação oficial da Casa Branca fez o S&P 500 despencar logo em seguida.
Qual foi a mensagem? O que a montanha-russa de Wall Street revelou? Os nervos dos investidores, esticados como cordas? Ou talvez... o momento certo para comprar ações americanas?
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Alguém criou uma conta falsa da Bloomberg nas redes sociais, publicou por meses conteúdos que imitavam perfeitamente a famosa agência de notícias e conquistou milhões de seguidores — tudo com um objetivo em mente. Em um dia de primavera, divulgou uma "bomba": Kevin Hassett estaria considerando uma pausa de 90 dias nas tarifas contra todos os países, exceto a China.
A notícia era quente demais. Foi imediatamente repercutida pela CNBC e pela Reuters. O S&P 500 disparou. Mas não por muito tempo. Quando a Casa Branca desmentiu a informação, o índice caiu com a mesma rapidez com que havia subido.
Reação do S&P 500 à falsa notícia sobre a pausa tarifária da Casa Branca
Sem dúvida, os investidores estão nervosos. Eles temem os efeitos que as políticas protecionistas da Casa Branca podem ter sobre a economia dos EUA. Tarifas sobre importações e uma escalada nas guerras comerciais aumentam o risco de uma recessão global. E quando o medo domina o sentimento do mercado, poucos se arriscam a comprar ações.
Por outro lado, o S&P 500 já recuou 20% em relação ao pico registrado em fevereiro, entrando oficialmente em território de mercado em baixa. Essa foi a segunda queda mais rápida desde 1945 — a primeira ocorreu durante a pandemia da COVID-19, quando o Federal Reserve precisou lançar uma tábua de salvação para a economia americana, com estímulos monetários sem precedentes.
A dinâmica das transições do S&P 500 para um mercado em baixa
Nessas circunstâncias, os investidores tentam entender se o pior já passou — e se este é o momento de iniciar negociações e reduzir tarifas. Seguindo essa lógica, seria agora a hora certa para comprar ações?
Se o medo der lugar à ganância, a recuperação do S&P 500 pode ser tão veloz que deixará muitos para trás. As recentes notícias falsas nas mídias sociais são prova disso: bastou uma faísca para provocar uma reação explosiva nos mercados. O que falta, neste momento, é uma boa notícia real — algo que permita ao índice de ações ressurgir das cinzas.
Não acredito que os tempos difíceis tenham ficado para trás. Pelo menos uma guerra comercial — entre os EUA e a China — já está em andamento. Segundo o UBS, uma recessão na economia americana poderia levar a um crescimento zero dos lucros corporativos, já que cada queda de 1 ponto percentual no PIB reduz em média 6,9 pontos percentuais esse indicador.
Do ponto de vista técnico, no gráfico diário do S&P 500, a recuperação a partir do suporte em 4.905 sugere que o índice pode ter encontrado um fundo.
Há uma forte probabilidade de consolidação na faixa entre 4.900 e 5.200 — ou até mesmo 4.900 e 5.330. Faz sentido vender quando o índice se aproxima do limite superior e comprar quando recua até o limite inferior. Neste último caso, no entanto, é preciso cautela: tentar "pegar a faca caindo" pode ser extremamente arriscado.