Se o mercado consegue subir tanto apenas com sugestões do secretário do Tesouro, Scott Bessent, sobre uma possível desescalada no conflito comercial com a China, imagine o salto que o S&P 500 poderia dar caso as tarifas fossem de fato reduzidas! Os otimistas seguem em busca de motivos para comprar ações americanas, mas veteranos de Wall Street alertam: o mercado de baixa está longe do fim. Atenção aos "falsos rompimentos" em meio a uma tendência de queda prolongada. Os grandes players parecem estar à margem, o que resultou em uma queda de 17% no volume de negociações do índice de mercado amplo em relação à média histórica.
Com o mercado pressionado pela incerteza gerada pelas tarifas da Casa Branca e diante da proximidade de uma recessão nos EUA, os recuos do S&P 500 continuam atraindo investidores dispostos a "comprar na baixa", tornando as oscilações acentuadas — para cima e para baixo — uma característica dominante da bolsa. O desafio está em identificar o momento em que os movimentos de alta começam a se sobrepor às correções.
Volatilidade do S&P 500 durante correções de mercado
Desta vez, o salto no índice amplo do mercado foi impulsionado pela retórica mais conciliatória de Donald Trump e sua equipe. O presidente afirmou que não pretende demitir Jerome Powell da presidência do Federal Reserve, apenas que gostaria de vê-lo mais proativo na redução das taxas de juros. Trump também sinalizou não querer adotar uma postura agressiva com a China e considerou as tarifas de 145% excessivas — na prática, elas serão bem menores, embora não eliminadas por completo.
No entanto, por mais que a Casa Branca tente sustentar o S&P 500 com declarações conciliatórias, recuperar a confiança perdida não é tarefa simples. O Société Générale destaca que, por décadas, os investidores não tinham alternativas reais às ações americanas, o que levou à supervalorização tanto dos papéis nos EUA quanto do dólar. Agora, observa-se uma rotação contínua de ativos americanos para outras regiões — um processo que pode se estender por anos.
Tendências do S&P 500 e do dólar
O UBS projeta uma queda do índice amplo do mercado no curto prazo, mas não descarta uma recuperação para 5.500 até o final do ano, caso haja uma redução significativa nas tarifas.
Na minha visão, o fator decisivo será se os Estados Unidos entrarão ou não em recessão. O FMI ainda não prevê uma desaceleração, mas elevou a probabilidade para 40%. Já o Instituto de Finanças Internacionais projeta uma contração do PIB dos EUA de 0,8% no terceiro trimestre e de 0,3% no quarto, o que obrigaria o Fed a cortar a taxa dos fundos federais três vezes até o fim de 2025.
Fica claro que a Casa Branca reconhece ter ido longe demais, mas restaurar a confiança dos investidores será um desafio.
No gráfico diário do S&P 500, a grande questão é se os compradores conseguirão ativar um padrão de reversão 1-2-3. Isso exigiria um retorno ao nível de pivô em 5.400, seguido de um rompimento bem-sucedido. Caso o preço seja rejeitado nesse ponto, poderá haver expansão das posições de vendas já existentes. Por outro lado, um rompimento firme seria sinal para reverter a tendência e assumir posições de compra.