O mercado tem demonstrado uma sensibilidade cada vez maior a qualquer notícia positiva, mas os seus melhores dias parecem ter ficado para trás. A participação das ações norte-americanas no índice MSCI All Country World atingiu o pico em dezembro. Segundo o Jefferies Financial Group, os investidores devem se preparar para novas correções. Um padrão semelhante foi observado com as ações japonesas em 1989, seguido por transformações significativas no cenário econômico global — algo que pode estar se desenhando também para os Estados Unidos.
Embora as ações americanas representem entre 60% e 70% da capitalização de mercado global, a economia dos EUA não gera uma parcela equivalente da riqueza mundial. Como consequência, observa-se uma migração de capital para outros países — tendência acelerada pelas políticas protecionistas adotadas por Donald Trump. Esse movimento reflete não apenas uma possível fragilidade estrutural dos EUA, mas também o apetite crescente dos investidores por oportunidades em outras regiões, como Europa, Ásia e mercados emergentes.
Dinâmica dos índices acionários dos EUA e de outras regiões
Desde que Donald Trump assumiu a presidência, o índice S&P 500 recuou cerca de 10%, registrando o pior desempenho nos primeiros 100 dias de mandato de qualquer presidente dos EUA. Não é surpresa, portanto, que o republicano esteja demonstrando apreensão e comece a recuar de decisões anteriores. Após impor tarifas no que chamou de "Dia da Libertação" da América, anunciou-se uma trégua de 90 dias. Depois de criticar Jerome Powell, Trump afirmou que, na verdade, não pretende demitir o presidente do Federal Reserve.
Parece claro que Donald Trump continua obcecado pelo S&P 500 — e o mercado exerce forte influência sobre ele. Durante seu primeiro mandato, o republicano associava com frequência as altas do índice à sua própria eficácia como líder. Dada essa conhecida fixação com o desempenho do mercado acionário, alguns participantes estão tentando explorar essa vulnerabilidade. Primeiro, surgiu a notícia sobre uma possível pausa nas tarifas, depois confirmada oficialmente. Agora, os investidores estão reagindo a rumores de que os EUA poderiam revogar unilateralmente tarifas impostas à China.
Embora o governo americano tenha negado essas informações, raramente há fumaça sem fogo. O que funcionou uma vez pode muito bem funcionar novamente. Ainda assim, alguns traders decidiram realizar lucros após vários dias consecutivos de valorização.
Dinâmica dos índices de ações dos EUA
Neste cenário, o risco de consolidação de médio prazo no S&P 500 está aumentando. Os touros demonstram apetite para comprar nas quedas, mas permanecem cautelosos diante de novas ameaças tarifárias e do risco de recessão. Já os ursos aproveitam o ambiente adverso, mas tendem a recuar rapidamente diante de manchetes positivas vindas da Casa Branca. Esse cabo de guerra entre compradores e vendedores costuma resultar na formação de faixas de negociação para determinados ativos do mercado financeiro.
Do ponto de vista técnico, o gráfico diário mostra que o S&P 500 testou a região dos 5.400 pontos em uma tentativa de ativar um padrão de reversão 1-2-3. No entanto, a ofensiva dos touros foi rejeitada, e o índice amplo do mercado fechou abaixo desse nível crítico. Caso o preço rompa a mínima de 5.350, esse movimento poderá ser interpretado como um sinal para abertura de posições vendidas.