Apesar da proximidade do prazo final de 1º de agosto — quando devem entrar em vigor as tarifas de importação impostas pela Casa Branca — o S&P 500 segue renovando suas máximas históricas. Passo a passo, o amplo índice de ações mantém sua trajetória de alta. A Wells Fargo Securities projeta que o índice alcance 7.007 pontos até o fim do ano, impulsionado pelas gigantes do setor de tecnologia. "Os vencedores continuam vencendo", afirma a empresa.
O Morgan Stanley recomenda manter ações norte-americanas no longo prazo e prevê que o S&P 500 chegará a 7.200 pontos até meados de 2026. Já o Goldman Sachs argumenta que o enfraquecimento do dólar no primeiro semestre deste ano ajudará a compensar os impactos negativos das tarifas — e essa dinâmica já está visivelmente em curso.
Desempenho do S&P 500 e do dólar americano
O mercado interno dos EUA é enorme, com apenas 13% dos lucros corporativos vindo do exterior. Ainda assim, as empresas do S&P 500 são altamente globalizadas. O Goldman Sachs estima que 28% da receita tem origem estrangeira. Um dólar mais fraco aumenta a competitividade das companhias americanas e melhora seus resultados financeiros.
Não é surpresa, portanto, que 83% das empresas do S&P 500 que já divulgaram os resultados do segundo trimestre tenham superado as expectativas. Para efeito de comparação, as médias dos últimos cinco e dez anos são de 78% e 75%, respectivamente. É verdade que as estimativas foram estabelecidas em patamares baixos. No fim de julho, considerando previsões e resultados já divulgados, o crescimento dos lucros ficou em 5,6% — o ritmo mais fraco desde 2023.
A Solus Alternative Asset Management acendeu o sinal de alerta: a proporção de empresas do S&P 500 negociadas acima de suas médias móveis de 20 e 50 dias diminuiu. Isso indica que o impulso de alta pode estar se esgotando. Soma-se a isso a sequência de 17 pregões do S&P 500 sem registrar variações diárias de 1% ou mais — a mais longa desde dezembro.
Dinâmica das sequências do S&P 500 sem variações de 1% em um único dia
Isso se torna ainda mais evidente com a chegada do dia 1º de agosto. Especialistas apelidaram essa data — quando entram em vigor as novas tarifas dos EUA — de "Dia da Libertação dos Zumbis". Ao contrário do "Dia da Libertação" da América, comemorado em 2 de abril, esta data não está gerando alvoroço. Mas talvez devesse. No primeiro semestre do ano, as tarifas contribuíram para o crescimento global ao antecipar a demanda por importações dos Estados Unidos. No segundo semestre, no entanto, podem impactar negativamente o PIB global.
Tecnicamente, o S&P 500 atingiu recordes históricos em três dias consecutivos, mas não conseguiu se manter acima desses níveis. Isso sinaliza uma pressão de compra fraca e pode abrir espaço para uma correção. Uma queda abaixo de 6.265 seria considerada um gatilho de venda. Por ora, enquanto o índice permanecer acima de seu valor justo, manter posições compradas continua a fazer sentido.